domingo, 31 de outubro de 2010

1307 e eu.


Algo me aflige. Não sei exatamente o que é, de onde vem. Sei que me deixa perdida em meio as tantas coisas que devo fazer, como se não tivesse nada para fazer. Assemelha-se a uma vontade louca de ser livre, deixar aquelas velhas obrigações chatas de lado e abrir espaço para o que quero, o que gosto e novamente às obrigações chatas diferentes. A final, essa é a necessidade do ser humano: conseguir se libertar e, uma vez livre, novamente se prender.
Especialmente me refiro ao que a 3 longos anos tomou meu tempo. Me fez acordar de madrugada para pegar um ônibus que me levava a um local à 38 quilômetros de casa. Por lá me acomodei todos os dias, 5 horas por dia, em uma estrutura bizarra, desejosa de qualquer conforto e pessoas normais. Até o ônibus me levar 38 quilômetros atrás novamente, já era tarde. Já não havia paciência, vontade, energia.
Hoje, no final disso tudo, me sinto desgastada, depressiva, louca. Anseio dramaticamente o dia que receberei o pedaço de papel que tem valor para a sociedade, dizendo em palavras belas e puras que eu consegui.
Lendo essas palavras parece que tudo que consegui foram sentimentos e frutos ruins. Não,isso não é verdade.
Para quem viveu apenas uma década e meia (e dois anos mais) isso de nada tem muito valor. Aproveitar a vida seria o lema, se nada nos fosse imposto.
Uma coisa salva toda a minha jornada, e me faria repeti-la novamente, da mesma maneira: amigos. Pessoa diferentes, geniais, nem tanto genias, francas, forte, bobas, alegres, carinhosas, respeitosas, loucas, pervertidas, bobas... foram 31 , ou mais.
De algum jeito todas afetaram minha saga. Umas mais, outras menos.
Com pesar lembro-me que não as verei mais todos os dias. Lembro-me que não farei mais trabalhos que depois da confusão sempre terminavam em boas notas.
Não sei com quem mais passarei horas ouvindo pessoas chatas, monologando sobre coisas chatas que não me interessam, mas deveriam. É engraçado que queira trocar um presente cotidiano por um futuro tão incerto, mas o desejo de romper com o habitual me diverte.
Diverte tanto a mim, quanto a vocês. Que tantas vezes quiseram e mataram uma aula. Que em grupo foram a praia num dia de Matemática. Que fazem hora, todo santo dia, no recreio para atrapalha o que se segue. Diverte tanto, que não é restrito a um grupo, mas àquele que se une na hora do recreio pra rir de diversas idiotices ditas, aos que passam com a namorada, aos se unem à outras turmas, aos que tem um circulo mais reservado, de pessoas singulares, aos que zoam os amigos grosseiramente... à todos.
É tão dificil relatar do que vou abrir mãos, mas todas as coisas permanecem tão vivas dentro de mim, que me dão uma sensação estranha.
Se mistura tudo. O medo, a ansiedade, a tristeza, a felicidade, a duvida, o nervosismo, o estresse, a calma... Não sei nem mais o que sinto, ou o que deveria sentir.
No dia 12/11 um suspiro de semi-alivio, um choro a mais, uns abraços aqui, outros ali. "Não sei quando vou te ver outra vez, então saiba logo o quanto te adoro." Uma troca de presente, risos e mais choro. Na semana que se seguirá, o grito dos desesperados que não alcançaram todas as metas. A revolta de não ter concluído aquela unica matéria idiota. A felicidade de prolongar a despedida. Mais alguns sentimentos confusos se seguirão até o dia 20/¹2.
No dia 20/12 vamos nos arrumar como de costume, mas para outra ocasião. Com o maior sorriso que possuímos no rosto. Com aquela sensação de dever cumprido. Com aquela vontade de mostrar ao mundo que conseguimos. E com o pior choro do nosso coração.
Vai ser difícil. Talvez mais do que qualquer outra prova.
Para alguns o alivio vai fazer superar a partida, para os otimistas no dia seguinte nos veremos. Para os confusos, esse poema.